terça-feira, 4 de março de 2008

Revistas no Espelho


É no mínimo engraçado quando duas revistas de posições ideológicas antagônicas estampam em sua capa, simultaneamente nas bancas, a mesma foto. Carta Capital e Veja falam discursos bem diferentes sobre o legado da aposentadoria de Fidel Castro e usam a mesma imagem. "Cuba sem Fidel", ponto positivo para a revista Carta Capital (sempre tão opinativa também), apresenta um tom de constatação do fato apenas, a opinião está dentro e pode ser prevista por quem conhece o histórico da revista, quem compra imagina o que deve encontrar lá dentro. "Já Vai Tarde", diz a revista Veja, que malcriação, – parece criança birrenta. Seria mais engraçado se não fosse tão ridículo um veículo de comunicação demonstrar um ódio tão desmedido em tempos de tanta vaselina do politicamente correto. Difícil mesmo é tentar continuar com o discurso de que se faz jornalismo isento depois de mais essa demonstração clara de opinião política acima dos fatos (isenção é coisa para estudante sonhar e para criar confusão em debate de Curso Abril), dá para ver o canto da boca do editor salivando de crueldade e prazer de ter a chance de tripudiar do velho Fidel (que coisa, chutar assim um sujeito idoso, quiçá senil).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pinhole Day se aproxima

O Dia Mundial da Pinhole está próximo, comemorado em todo o mundo no último domingo de abril. No Brasil, alguns eventos já estão cadastrados no site:

Em Manaus, oficina preparatória A Escrita da Luz acontece no sábado, com Alexandre Fonseca.

Em Curitiba, um curso pago no Paralelo: centro de artes visuais, com Luciano de Sampaio.

Em São Paulo, Paula Berach convida a Todos para um evento aberto, um encontro de fotógrafos e simpatizantes no vão do MASP, às três da tarde.

Em Belo Horizonte, um evento está sendo organizado pelo Núcleo Imagem Latente.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Uma nota para Flusser


Encontrei no Google esta nota introdutória (creio que da edição americana) do livro Filosofia da Caixa Preta de Vilém Flusser. Curiosamente, não existe esta nota na edição brasileira.
Participei de um acalorado debate entre mestrandos da Esdi durante um seminário sobre este livro e Flusser foi muito criticado por lançar idéias sem embasá-las propriamente, dentre outros problemas acadêmicos, tais como não propor bibliografia alguma de referência para situar melhor o universo de suas proposições (algumas são claramente derivadas de Karl Marx, mas poderemos afirmar?). Uma de suas idéias que mais me encanta propõe que "textos nasceram de imagens rasgadas". Flusser simplesmente assume que foi assim, enquanto sabemos que o que há são diversas teorias sobre o desenvolvimento dos textos (as escritas orientas, por exemplo, nunca romperam sua relação com a imagem). Eu deduzo que Flusser trata dos hieroglifos egípcios ou similares, onde a escrita claramente derivou de uma ilustração sem ordem de leitura linear anterior (e foi "rasgada" e linearizada). Idéia muito interessante, mas sem maiores embasamentos. E o livro é todo muito assim. Assume coisas demais e deixa pouco espaço para possibilidades diferentes do que ele propõe. No fim do livro ele começa a abrir algum espaço de esperança para a fotografia, como se o fotógrafo pensante fosse uma invenção recente contra a robotização dos apertadores de botão (os funcionários). Acho que a nota introdutória foi colocada para tentar acalmar e prevenir os ânimos acadêmicos mais exaltados frente a uma proposta tão abrangente quanto se desenvolver uma filosofia da fotografia.