sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Uma nota para Flusser


Encontrei no Google esta nota introdutória (creio que da edição americana) do livro Filosofia da Caixa Preta de Vilém Flusser. Curiosamente, não existe esta nota na edição brasileira.
Participei de um acalorado debate entre mestrandos da Esdi durante um seminário sobre este livro e Flusser foi muito criticado por lançar idéias sem embasá-las propriamente, dentre outros problemas acadêmicos, tais como não propor bibliografia alguma de referência para situar melhor o universo de suas proposições (algumas são claramente derivadas de Karl Marx, mas poderemos afirmar?). Uma de suas idéias que mais me encanta propõe que "textos nasceram de imagens rasgadas". Flusser simplesmente assume que foi assim, enquanto sabemos que o que há são diversas teorias sobre o desenvolvimento dos textos (as escritas orientas, por exemplo, nunca romperam sua relação com a imagem). Eu deduzo que Flusser trata dos hieroglifos egípcios ou similares, onde a escrita claramente derivou de uma ilustração sem ordem de leitura linear anterior (e foi "rasgada" e linearizada). Idéia muito interessante, mas sem maiores embasamentos. E o livro é todo muito assim. Assume coisas demais e deixa pouco espaço para possibilidades diferentes do que ele propõe. No fim do livro ele começa a abrir algum espaço de esperança para a fotografia, como se o fotógrafo pensante fosse uma invenção recente contra a robotização dos apertadores de botão (os funcionários). Acho que a nota introdutória foi colocada para tentar acalmar e prevenir os ânimos acadêmicos mais exaltados frente a uma proposta tão abrangente quanto se desenvolver uma filosofia da fotografia.

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